Poucos meses após o seu último lançamento, George Silver volta a apresentar-se com um EP, desta vez dividido entre Lisboa e o Rio de Janeiro, mais concretamente entre a Rua da Recosta e a Rua dos Funkeiros num transatlântico mental em vai-vem constante.
Em “Coisa Ruim”, o seu sexto lançamento a solo, mantém a primazia dada ao ritmo em “Selvagem”, mas aqui a selva é mais urbana.
Em “O que é que eu bebi?”, faixa de abertura, a influência do funk carioca transborda pelas colunas enquanto ouvimos um cavalheiro expor a sua argumentação ébria acompanhado por sintetizadores eufóricos, preparando-nos para “Vanessa Atalanta”, uma colaboração com Puçanga onde as batidas tribais e os baixos profundos desaceleram e as vozes viajam da doçura aos gritos punk sempre num mar de delay, inundando esta faixa com uma expressão dubby e dançável que contrasta com linhas de baixo ácidas que se vão mostrando até ao final da canção.
“Quero café” celebra a hiperatividade funkeira enquanto pisca o olho à construção harmónica do footwork numa block party de 3 minutos, criando uma tensão que se liberta em “Duas Rodas”. O momento mais ambiental do disco constrói uma paisagem sonora de correntes de bicicleta e outros sons da cidade onde um solo de teclado (retirado de uma performance ao vivo do artista) têm um diálogo com os efeitos.
O disco fecha com “S.O.S BPM”, outra faixa retirada de um concerto ao vivo- desta vez nas Damas, em Lisboa. Aqui com o nível de energia no máximo, uma série de referências do mundo festivo e o discurso afiado, George Silver relembra-nos que porque a vida continua não podemos esquecer-nos de nos divertir.
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EN
Shortly after his last release, George Silver gives us yet another EP this time split between Lisbon and Rio de Janeiro, more accurately between Rua da Recosta and Rua dos Funkeiros in an on-going mental transatlantic shuttle boat.
In “Coisa Ruim”- his sixth solo release- he keeps the rhythm focused approach of “Selvagem” but with an urban touch to the jungle.
In the opening track “O que é que eu bebi?” we listen to a lecture by a drunken gentleman while the speakers deliver a funk carioca infused beat mashed with euphoric synthesizer lines, getting us ready for “Vanessa Atalanta”, a collaboration with Puçanga where the tribal beats and deep basses go a bit slower in bpm and the voices change in-between sweet chants and punk screams washing in a sea of delay, flooding this track with a dubby yet dance oriented vibe that somewhat contrasts with the acid bassline that keeps coming up until the end of the song.
“Quero café” celebrates the hyperactivity of baile funk while paying homage to footworks' harmonic construction in a 3 minute block party that builds up tension to be released in “Duas Rodas”. The ambient moment of the record introduces a sound palette of bicycle chains and other city sounds where a keyboard solo (taken from one live performance) has a dialogue with the sound effects.
“S.O.S BPM”, another track taken from a live concert- this time at Damas in Lisbon- closes the EP with an over the top energy level, an arsenal of party references and Georges' own sharpen speech to remind us that because life is going on we can't forget to have fun.
Text: Helder Menor
credits
released June 1, 2021
All tracks produced by George Silver
Mastered by Nando Correia Queluz
Artwork made by André Neves
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